Utilidade Pública: POR QUE OS CASOS DE H1N1 CHEGARAM MAIS CEDO EM 2016?
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POR QUE OS CASOS DE H1N1 CHEGARAM MAIS CEDO EM 2016?
Juliana Conte
Não bastasse os casos de zika, dengue e chikungunya, agora o aumento
do número de casos de pessoas contaminadas com a gripe H1N1 — que já
provocou 46 mortes em todo país, sendo 30 só no Estado de São Paulo — também
vem chamando a atenção.
Segundo a diretora médica da farmacêutica Sanofi Pasteur, Lucia
Bricks, uma das hipóteses relaciona essa situação a fenômenos climáticos como o
El Niño (que influencia movimentos migratórios das aves, traz mais chuvas e
calor). Assim, doenças que ficavam concentradas em determinadas épocas do ano,
especialmente nos meses inverno, passam a acontecer em qualquer período.
“A última vez que o vírus H1N1 circulou forte por aqui foi em 2013. Em
2014 e 2015 ele não foi o vilão, tanto é que não foi comentado nem exposto como
está sendo agora. As vacinas do ano anterior até sobraram. Então, quando o
vírus fica um pouco ausente e depois reaparece, ele infelizmente ‘faz a
festa'”, explicou no Simpósio Internacional de Atualização em Influenza, que
aconteceu esta semana em São Paulo.
Para se ter uma ideia, estimava-se que em 2016 o pico da doença
aconteceria na semana 28, em meados de julho. “Começou antes e chama
atenção o número de mortes. Entretanto, eu não posso dizer qual é a cepa
que vai dominar, nem qual a intensidade de ação dos vírus”, afirma a
especialista.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) sempre atualiza em sua página como
está a circulação dos vírus A e B em cada país. Já no final de 2015 começou a
chamar atenção a reemergência do H1N1, a mesma cepa pandêmica de 2009. “A média
global é 80% dos vírus tipo A e 20% do B, com suas diferentes linhagens. Mas
claro, isso varia”, afirma Bricks. A partir desse sistema de vigilância e
levando em conta a alta capacidade de mutação do vírus da gripe, a OMS também
atualiza duas vezes por ano as recomendações sobre qual deve ser a
composição das vacinas. Por isso, uma pessoa que se imunizou na campanha
passada não necessariamente estará imune neste ano. As doses que vão
proteger a população contra os vírus do inverno de 2016 serão A/California
(H1N1), A/Hong Kong (H3N2) e B/Brisbane.
O Ministério da Saúde concordou em antecipar a distribuição das doses no
Estado de São Paulo, onde o número de mortes chegou a 42 no final de março.
A partir do dia 08/04, serão vacinados os profissionais de saúde, e
a partir de 11/04, idosos, crianças entre 6 meses e 5 anos, gestantes e doentes
crônicos.
Uma questão de extrema importância e que deve ser levada em consideração
é em relação à vacinação de uma faixa etária um pouco mais ampla. Os chamados
adultos jovens (entre 40 e 50 anos) com doenças crônicas vêm sendo os mais
atingidos pela doença. Seja por falta de informação ou por qualquer outro
motivo, indivíduos portadores de doenças como HIV, diabetes, lúpus,
cardiopatias, obesidade mórbida e problemas pulmonares, acabam não sabendo que
devem se vacinar e ficam expostos. “Não se deve esperar a confirmação do
teste da gripe, que demora mais de seis dias, para entrar com
os antivirais”, alerta a médica.
Prevenção
Antes mesmo de os sintomas aparecerem, os indivíduos contaminados já
estão transmitindo os vírus. Tosse e espirro são formas eficazes de o vírus se
propagar, pois nesses momentos partículas que contêm o vírus podem percorrer
cinco metros de distância a uma velocidade de 150km por hora. Porém, a
transmissão também pode se dar simplesmente ao falar perto de uma pessoa, de
uma distância de até 2 metros. Atenção: máscaras comuns não barram as
micropartículas.
Portanto, além da imunização (redes privadas estão cobrando cerca
de R$170 a dose), é de extrema importância lavar frequentemente as mãos,
utilizar lenços e colocar a mão na boca ao tossir e espirrar. Procure
assistência médica ao perceber os primeiros sinais de febre alta, acima de 38º,
39º (tenha sempre um termômetro em casa), dor muscular, de cabeça, de garganta
ou nas articulações.
Publicado em 31/03/2016
Fonte: Dr. Drauzio Varella
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